Gostava, tenho mesmo a necessidade, de partilhar, com quem me quiser ler, o que se passou hoje... na minha última aula de Psicopatologia!
Quem me conhece sabe, está mesmo cansado de saber, o quanto eu adoro aquelas aulas, o quanto admiro aquele professor e como acho que todos os alunos têm o direito a ter momentos assim na escola/faculdade.
Por isto tudo, foi carregada de nostalgia que fui para a faculdade.
O que se passou naquela aula, superou qualquer expectativa, emocionando-me de tal forma que não sei e não quero descrever... o sentimento guardo-o para mim.
Hoje o professor brindou-nos com 3 músicas sobre "sentires":
1ª a falar sobre a dificuldade / ironia do racional vs emoção ( de Manu Chäo)
2ª sobre a redução da possibilidade de escolha
3ª sobre que raio é afinal ser psicólogo
Debrucemo-nos sobre a 2ª música agora:
O que é isto da redução da possibilidade de escolha?
Quem reduz a quem?
Como resposta, o poema lindíssimo de Natália Correia, que tive o prazer de ouvir:
"Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
E um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.
Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.
Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.
Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.
Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.
Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.
Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.
Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.
Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.
Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.
Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.
Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte."
Acabando a música, o professor provoca-nos: "Tudo está mesmo predeterminado na vossa existência. Ou vocês têm a coragem de mudar isso ou segue a festa! Não se esqueçam:" A resignação é o suicídio colectivo"."
Obrigada por nos fazer pensar!
Podia contar inúmeras coisas que se passam nas minhas aulas, cada uma mais engraçada e/ou delirante do que a outra.
Mas vou-me centrar numa aulinha, ocorrida no 1ºsemestre, na cadeira de Psicométricas (para quem não sabe, a psicometria é a bela da àrea que se dedica à aplicação de testes psicológicos).
Estávamos nós muito bem instalados num auditório repleto de gente, quando de repente... o senhor professor levanta-se e grita a plenos pulmões:
"Sim, porque isto em Portugal funciona tudo à laia da porra e depois quem se lixa é o mexilhão!"
clap clap clap